É claro que não iríamos deixar passar as profundas mudanças que estão sendo impulsionadas pelo e-commerce. Portanto estas previsões são em grande parte relacionadas ao consumo online.
Nas últimas semanas, todos os empreendedores foram obrigados a realizar algum ajuste na operação da empresa. Seja para manter as lojas funcionando de forma sanitariamente segura, preservar os estoques (principalmente de itens essenciais), adaptar a rede de distribuição, garantir o abastecimento, vender de portas fechadas e incrementar a operação eletrônica. Mas tirando as adaptações de última hora, quais serão as mudanças permanentes no comércio eletrônico?
“Temos ouvido muito o termo ‘sem precedentes’, provavelmente porque não há outra maneira de descrever o que está acontecendo. A crise ainda não acabou; temos de continuar aprendendo e ajustando. Mas algumas ideias claras estão começando a surgir”, escreveu Doug McMillon, CEO do Walmart para o site Business Insider.
Prever como será a sociedade, o consumo e a cooperação entre os cidadãos não é tarefa fácil. Além de não sermos uma empresa de pesquisa e tendência como WGSN, Forrester e Nielsen, o cenário político tem influenciado em demasia os resultados na economia, na saúde e no comportamento do consumidor. A previsão tem uma grande margem de erro, visto que um decreto ou decisões unilaterais de governos podem mudar todo o cenário.
Dark Stores
Se as vendas online crescerem significativamente, muitas empresas optarão por abrir pequenos centros de distribuição dentro das cidades para oferecer entregas mais rápidas. As chamadas dark stores são locais exclusivos para armazenamento, separação e envio de produtos online, mas diferentemente dos centros de distribuição tradicionais, que são gigantescos e longe da cidade, as dark stores são menores, localizadas em centros urbanos e parecidas lojas comuns, mas fechadas para o público. Mas essa novidade significará mais locais onde os caminhões e motoboys entram e saem, aumentando o tráfego, o ruído e a poluição.
Escassez nos Centros de Distribuição
Uma das dificuldades em encontrar certos produtos, é que as lojas virtuais organizam seus armazéns com base nas projeções de venda. Isso economiza dinheiro quando os comportamentos de compra são previsíveis, mas deixa menos flexibilidade quando a demanda aumenta inesperadamente, como no caso da pandemia.
As rápidas modificações na cadeia de suprimentos e na curva ABC de vendas, fazem com que a escassez de produtos isolados continue. Se as empresas de comércio eletrônico decidirem permanentemente manter mais variedade e mais profundidade de estoque, isso aumentará os custos de logística, que consequentemente serão pagos pelo consumidor final.
Devoluções são um problema de saúde
Devido a preocupações sanitárias, muitas lojas estão limitando os retornos que estão aceitando. Se os temores sobre a saúde continuarem, as políticas de devolução podem se tornar permanentemente mais rígidas. As lojas podem não conseguir revender a maior parte de suas mercadorias devolvidas, ou que precisarão higienizá-las mais profundamente. Os custos, sem dúvida, serão repassados para os compradores.
A importância da última milha
Pouco se falam nas cadeias de suprimentos, que operam silenciosamente nos bastidores e abastecem a população. Os varejistas perceberam que a cadeia de suprimentos não vai do centro de distribuição até o depósito da loja, vai até a porta do cliente. A ‘última milha’ da entrega tornou-se o gargalo nas últimas semanas e terá transformações positivas nos próximos meses em decorrência das experiências e melhorias emergenciais que se tornarão permanentes.
E-commerce e delivery são o novo normal
Desde quando iniciaram as medidas de isolamento social, o e-commerce brasileiro tem vivido dias de evolução forçada. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), no mês de março mais de 80 mil novos lojistas estrearam no universo online e 1 milhão de novos consumidores que se aventuraram no e-commerce por não ter outra alternativa no momento. Muito destes novos consumidores entraram no comércio eletrônico através de aplicativos de delivery, mas muitas outras categorias tiveram um aumento significativo. Esse comportamento abre um precedente que poderá mudar permanentemente o comportamento do consumidor, aumentando a participação do e-commerce no varejo e aumentando a penetração do comércio eletrônico em alguns públicos ou setores, como idosos e supermercados, respectivamente.